Além das promessas dos governos Federal e Estadual do encaminhamento de moradias para as famílias que perderam suas casas na enchente catastrófica do início de maio deste ano, a Administração Municipal de Cruzeiro do Sul, ciente de que o número de unidades habitacionais prometidas não será suficiente, já vinha vislumbrando a possibilidade da desapropriação de alguma área para que todos possam ser contemplados.
Contudo, com a falta de recursos, a aquisição de alguma área só seria possível com o encaminhamento de um empréstimo. Foi então elaborado um projeto de Lei para a contratação de um financiamento junto a Caixa Econômica Federal. A matéria foi colocada sob aval e aprovada pela Câmara Municipal de Vereadores. Aprovado o financiamento, foram levantadas possibilidades de áreas em potencial para a desapropriação e que atendessem os objetivos. A escolha da área também foi em conjunto entre Executivo e Legislativo.
Após definição, foi realizada a desapropriação amigável de uma área de aproximadamente 17 hectares, localizada entre os bairros Cascata e Passo de Estrela, em local alto, distante de área inundável. A área adquirida ao valor de R$ 4.647.934,15 já abrigou as granjas da Lacesa e Parmalat, e mais recentemente uma fábrica de paletes de madeira.
De acordo com a Administração Municipal, a área será ideal para contemplar especialmente aqueles que perderam suas moradias, não têm como voltar para onde residiam e não se enquadram nos programas do governo. Neste local a família deverá ganhar um lote em troca do seu que perdeu na enchente, em forma de permuta.
Assim, o município emitiu essa semana um decreto e nos próximos dias encaminhará todos os trâmites burocráticos para escrituração e registro da área. Feito isso, a prefeitura dará início às obras de infraestrutura.
Lembrando que o respectivo evento climático causou a destruição de aproximadamente 700 residências no território do município, gerando cerca de 5 mil pessoas desalojadas, e 1 mil desabrigadas.
Desapropriação de saibreira
Na parte baixa da área citada acima existe uma saibreira com potencial para a retirada de um grande volume de material para a utilização por parte do município, especialmente nas estradas. Lembrando que o território de Cruzeiro do Sul é composto por cerca de 500 quilômetros de vias de chão batido.
O evento climático de chuvas intensas também causou estragos de grande monta em todas as estradas de chão batido, gerando inclusive interrupção de vias, impossibilitando assim, a trafegabilidade de veículos, deslocamento de pessoas e escoamento da produção.
Hoje o município não dispõe em seu patrimônio um imóvel apto para extração mineral. Diante disso, também foi encaminhada a desapropriação dessa área, de 10 hectares. O valor é de R$ 2.714.748,78.
Ou seja, somadas, o município desapropriou duas áreas que somam cerca de 27 hectares e que irão atender questões pontuais que são reflexo da situação de calamidade pública no qual se encontra. A Prefeitura ainda aguarda a desapropriação de mais uma área prometida pelo Governo do Estado, que também se une as duas primeiras, e que margeia a ERS-130.