Nesta quinta-feira, dia 21 de setembro, o município de Cruzeiro do Sul recebeu profissionais voluntários que trabalham com o programa Pedagogia de Emergência. O grupo está trabalhando em todos os municípios do Vale do Taquari com estudantes e professores que foram assolados com a enchente do dia 5 de setembro. O grupo vem de São Paulo.
Em Cruzeiro, o grupo esteve na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Passo de Estrela, que retornou com os alunos à sala de aula na última segunda-feira, dia 17. De acordo com a secretária da Educação, Cultura e Esportes, Anelise Assmann, o trabalho foi desenvolvido com estudantes da Escola Passo de Estrela e também com alunos da Emef Antônio Domingos Cíceri Filho, do Bairro Zwirtes, que foram transportados até o Passo de Estrela para participar.
Conforme o coordenador do grupo, o assistente social e pedagogo de emergência, William Fernando Boudakian de Oliveira, a Pedagogia de Emergência é um método que ajuda crianças, adolescentes e adultos, que são estudantes ou professores, a diluir o trauma de situações catastróficas. “É uma resposta da educação, que ajuda essas pessoas a passar por esses momentos difíceis”. Ele explica ainda, que a pedagogia de emergência se transformou numa área de conhecimento, que exerce suas atividades em vários países, em todo mundo.
Oliveira informa que a pedagogia de emergência foi criada em 2006, quando Bernd Ruf, professor Waldorf alemão especializado em crianças com deficiência, esteve no Líbano em meio à guerra entre Israel e o Hezbollah para acompanhar o repatriamento de 21 jovens libaneses. “O professor ficou inconformado com a situação dos estudantes. Ele entendeu que aquilo que as crianças estavam passando era um trauma e passou a estudar a psicotraumatoligia”. A partir daí se construiu uma série de educadores, com um currículo de atividades para ajudar a diluir o trauma. “As atividades iniciaram para ajudar crianças e professores em regiões atingidas por tsunamis, terremotos, enchentes e outras catástrofes”, pontua.
Diante disso, aqui no Brasil, Oliveira e outros professores começaram a estudar o tema, sendo posteriormente fundada a associação brasileira da pedagogia de emergência. O grupo já trabalhou em locais como Brumadinho-MG, Janaúba-MG, São Sebastião-SP e Petrópolis-RJ. “Quando vimos a situação do Rio Grande do Sul, juntamos recursos e nos dirigimos ao Vale do Taquari, onde ficaremos por cerca de 20 dias”. O trabalho é todo voluntário, tendo neste momento o apoio se uma série de institutos, assim como da Secretaria Estadual da Educação.
Quanto ao trabalho desenvolvido, o professor explica que o acesso às crianças traumatizadas ocorre na linguagem delas, através da arte, do brincar, por meio das práticas corporais, contudo são atividades integrativas que foram estudadas por longos anos. São 18 profissionais envolvidos nas atividades no Vale do Taquari. Todos formados e pós-graduados em alguma área da educação e preparados para exercer a pedagogia de emergência. “Esse trauma é uma ferida, a qual é uma porta de entrada e uma porta de saúde, por isso, as pessoas que trabalham na pedagogia da emergência precisam estar muito bem preparadas”, destaca Oliveira.
Nesta sexta-feira, dia 22, às 17h30 estará na Emef Jacob Sehn, no Bairro Glucostark. Na oportunidade o grupo irá realizar atividades com os professores da rede municipal.