Conforme publicado na Rádio Independente, cansados de sofrer com a falta de chuva, há cerca de seis anos, Rafael Augusto Müller e seus pais resolveram investir na propriedade em Linha Boa Esperança Baixa, no interior de Cruzeiro do Sul. Atualmente, enquanto muitos produtores do Vale do Taquari estão registrando perdas em cerca de 70% na propriedade, alguns chegando a R$ 122 mil de prejuízo devido à seca, Müller vive uma situação bem mais confortável e a falta de chuva não tem sido um problema. A família trabalha com sistema de irrigação para pastagem dos animais e para o cultivo de milho que vira silagem.
O carro-chefe da propriedade é a produção de leite, com cerca de 30 vacas, sendo 20 na ordenha e uma produção de 470 litros de leite por dia. Conforme o produtor, a decisão em investir no sistema de irrigação surgiu devido às perdas que em todos os anos eram recorrentes. “Mesmo no ano que é regular a chuva tem perdas, principalmente na pastagem, então decidimos investir para irrigação. Primeiro era só pastagem, mas vimos que deu resultado e partimos para o milho também”, explica. Hoje são cerca de nove hectares irrigados no local. “Até o momento não sinto falta da chuva, claro que para os vizinhos é complicado, tu vê as lavouras sendo perdidas, mas nossa situação aqui, por enquanto, é tranquila”, pondera.
Rafael Müller imagina que se não contasse com a irrigação, a perda seria de 10 a 12 mil litros de leite por mês. “Esse prejuízo se torna para o ano inteiro porque a silagem não fica boa, se o milho não tá bom, compromete toda a produção”, relata. Ele diz que o investimento praticamente se paga em um ano. Além disso, devido ao alto consumo de energia, a família optou por colocação de placas solares, reduzindo a conta mensal de R$ 3 mil para cerca de R$ 100. “Meu custo hoje é só manutenção”, destaca.
O produtor também cita incentivos por parte da Emater e Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) para que o projeto se tornasse viável. “Quando levei a ideia, eles falaram que se eu tinha água, que é o principal recurso, era pra investir, pois seria algo garantido”, conta.
Para quem deseja colocar o sistema de irrigação, que atualmente custa cerca de R$ 150 mil, Müller garante que o investimento é válido. Porém, é preciso analisar a situação individual de cada propriedade. “Tem que ter disponibilidade de água, mas é algo que vale muito a pena”, ressalta. O mecanismo funciona através de uma motobomba com tubulação geral e um carretel autopropelido. Para ligar o sistema, basta um clique no celular, através de uma tecnologia online implantado pelo produtor. “Depois que tá irrigado não atrapalha em nada, não fica nada no meio da roça. Eu abro com trator e vai irrigando, depois quando fecha, desliga tudo”, explica.
Müller entende que hoje não saberia trabalhar de outra forma, pois depois que conheceu o sistema, passou a ter garantias na propriedade. “Tu investe, tu planta e sabe que vai colher. Então, mesmo que tudo se tornou caro, os insumos, tu planta e tem certeza que vai colher. Se tiver disponibilidade de água, tem que investir”, reforça.
No local há vertentes e açude, o que garante água durante todo o tempo. A família pretende plantar soja também com sistema irrigado. Atualmente, são 13 hectares, sendo 5,6 com plantação de milho e o restante com pastagem, além de outras áreas.
O método de irrigação é uma forma de aplicar a água para as culturas. Existem quatro métodos de irrigação: superfície, aspersão, localizada e subirrigação. Para cada método, há dois ou mais sistemas de irrigação, que podem ser empregados.
Texto: Gabriela Hautrive | Grupo Independente